Vivemos tempos estranhos. Temos tecnologia, acesso à informação, redes sociais que nos ligam ao mundo inteiro — e, mesmo assim, há um silêncio interno que parece gritar. Um vazio que não se preenche com números, visualizações ou faturamento. A pergunta que paira, muitas vezes, não é “quanto vendi hoje?”, mas sim: por que me sinto assim, mesmo com tudo isso à minha volta?
Os nossos antepassados atravessavam a vida com ferramentas rudimentares, comida contada e invernos rigorosos. E ainda assim, muitos deles carregavam nos olhos uma força que parece nos escapar hoje. Não tinham tudo, mas tinham algo que talvez tenhamos perdido: sentido. Propósito. Conexão real.
Hoje temos distrações — infinitas —, mas pouca profundidade. Temos acesso a quase tudo, mas perdemos a arte de lutar com o que temos. Qualquer desafio parece nos esmagar: a conta que não fecha, o cliente que não responde, o projeto que não decola. E com isso, a fé vai sendo corroída, como se estivéssemos à deriva, sem saber se vale a pena continuar a remar.
Mas viver… viver é mais do que vencer. É estar aqui, consciente do que dói e do que pulsa. É olhar para os nossos dias e saber que há algo mais além dos boletos e das metas do mês. É perguntar, com sinceridade: “O que eu estou a fazer da minha vida? E por que ainda não cheguei onde sonho estar?”
Talvez a resposta esteja justamente nisso: no sonho. Porque quando deixamos de sonhar, deixamos de caminhar. E quando vivemos apenas para sobreviver, nos tornamos prisioneiros de um sistema que exige performance, mas esquece da alma.
A tristeza profunda, a apatia, a sensação de estar desconectado do mundo, muitas vezes não é fraqueza — é sintoma de um corpo e de um espírito que gritam por sentido. E não há empresa, carreira ou likes que curem isso. É preciso voltar à raiz, ao simples. Ao essencial.
A verdade é que todos sentimos. Uns escondem melhor, outros gritam em silêncio. E nesse mar de aparências, acabamos por acreditar que somos os únicos a nos sentirmos assim. Mas não estamos sós. Há mais verdade num “também me sinto assim” do que em mil promessas de sucesso.
Sim, é importante crescer. Sim, é bom vencer. Mas se tudo isso nos custa a alma, o tempo com quem amamos, ou o brilho nos olhos, talvez estejamos a perder o jogo mesmo quando parece que estamos a ganhar.
Se há algo a resgatar nesta geração, talvez seja a coragem de sentir. De não fugir da dor, mas encará-la com humanidade. De admitir que o mundo pode estar doente — mas que nós ainda podemos escolher ser inteiros.
E se este texto te tocou, talvez seja porque também estás a buscar sentido. Então, que a tua busca não seja só por metas… mas por vida. Vida com verdade, com pausa, com essência. Porque viver é mais que vender. É acordar todos os dias com a alma inteira — mesmo que o mundo tente despedaçá-la.